domingo, 12 de outubro de 2014

Um amor de mares e montanhas

Se eu soubesse escrever bem, contaria a nossa estória como se fosse um conto, uma história de amor. Falaria dos nossos momentos mais secretos como se só pudessem acontecer nos pensamentos de uma grande escritor, como se tamanha perfeição na sucessão dos acontecimentos só pudesse existir nas ideias de um grande romancista.

Se eu tivesse o dom da palavra, encadearia as ideias por forma a que se percebesse como o que sinto por ti foi crescendo sem que eu conseguisse negá-lo ou evitá-lo. Mostraria como somos a medida certa um do outro, mas como nos amamos sem medida.

Se eu escrevesse como sinto, todos iam perceber como os nossos risos são os mais sinceros, como os nossos carinhos são os mais aconchegantes e como as nossas saudades são as mais urgentes.

Se eu escrevesse a nossa vida, faria metáforas entre as serras do meu coração e o mar que te corre nos genes. Encadearia as minhas tardes no meio do campo com as tuas braçadas no mar, e explicaria como juntos somos tudo. Como a nossa união nos torna mais completos. Como em vez de antónimos somos o complemento do que nos faltava.

Se o nosso amor fosse em números, com quem nos sentimos muito mais à vontade, explicaria que somos uma multiplicação, uma indeterminação, um número sem fim e sem casas decimais. Provaria que aquilo que temos é mais que a soma das partes, que é indivisível e não dá para subtrair.

Mas como não sei escrever bem, não tenho o dom da palavra, não sou romancista e só sei números, vou somando dias de uma estória perfeita e sem fim. Porque quem precisa de "viveram felizes para sempre" quando vive feliz todos os dias?

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